Conversando sobre educação científica

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terça-feira, 6 de julho de 2010

Biodiversidade e suas definições

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), popularmente conhecida como a Convenção da Biodiversidade, define o termo ‘diversidade biológica’, em seu segundo artigo, como a “variabilidade entre organismos vivos de todas as origens compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.” Apesar das controvérsias em torno dessa definição, a CDB consolidou uma forma de ver a biodiversidade e contribuiu para introjetá-la na pauta política de seus mais de 180 países signatários. No começo da década de 1990, vários pesquisadores foram entrevistados por David Takacs, que, entre outros resultados, compilou uma série de definições do termo “biodiversidade” (Takacs, 1996). Nessas definições é possível identificar, pelo menos, duas grandes correntes, a que aposta na diversidade de espécies e a que considera os processos biológicos, de alguma forma, como parte da biodiversidade. Alguns exemplos:
“A variedade de populações geneticamente distintas e espécies de plantas, animais e microorganismos com os quais o homem compartilha a terra e a variedade de ecossistemas dos quais eles são partes integrantes”. Paul Ehrlich, 1992.

“Biodiversidade é o número total de linhagens genéticas na terra”. Thomas Eisner, 1992.

“Biodiversidade é a soma das espécies da terra incluindo todas suas interações e variações com seu ambiente biótico e abiótico no espaço e no tempo”. Terry Erwin, 1991.

“A dimensão da diferença nos múltiplos níveis de organização biológica, considerando todas as diferentes entidades e todos os diferentes processos”. Donald Falk, 1992.

“Total de genes, populações, espécies e o conjunto de interações que eles manifestam”. Daniel Janzen, 1992.

“Variação, variabilidade ou variedade de organismos vivos, o que inclui variação intraespecífica e os níveis de comunidades, ecossistemas e paisagens”. K.C. Kim, 1992.

“Diversidade de todos os níveis de organização”. Thomas Lovejoy, 1992.

“A diversidade biótica total indicada como o número de espécies e a diversidade genética que abrangem”. S.J. McNaughton, 1992.

“Variedade da vida e seus processos”. Reed Noss, 1992.

“Diversidade de espécies que existem num determinado ecossistema”. David Pimentel, 1992.

“A soma total de plantas, animais, fungos e microorganismos no mundo, incluindo sua diversidade genética e o envolvimento de todos em comunidades e ecossistemas”. Peter Raven, 1992.

“É a vida em todas suas dimensões, riqueza e manifestações, não apenas no nível de indivíduos e espécies, mas também no nível de agregações, comunidades, etc.” Michael Soulé, 1992.

“Variedade da vida ao longo de todos os níveis de organização, desde diversidade gênica em populações, diversidade de espécies, que devem ser encaradas como a unidade pivotal de classificação, até diversidade de ecossistemas”. Edward O. Wilson, 1992.

Para além das definições, uma discussão interessante é se a riqueza das espécies pode funcionar efetivamente como um substituto da biodiversidade para efeitos de mensuração e de objetivo de conservação.

Takacs, D. 1996. The idea of biodiversity. The John Hopkins University Press, Londres.

Links interessantes

Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB)
Scientific Definitions of Biodiversity
A evolução do conceito de biodiversidade, por Thomas M. Lewinsohn

Livros interessantes

Takacs, D. 1996. The idea of biodiversity. The John Hopkins University Press, Londres.

Shrader-Frechette, K.S & E.D. McCoy. 1993. Method in Ecology. Cambridge University Press. Cambridge.

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